"As danças tradicionais, clássicas indianas são formas explícitas de linguagem. Elas contam histórias, fábulas e lendas a partir de gestos e expressões faciais que usamos no dia a dia para demonstrar as emoções e ideias que são contadas. No workshop do dia 01/06 com Ananda Jayant e seu grupo (bailarinos e músicos) ela explicou que existem sete tipos de danças clássicas indianas. A que ela deu ênfase no workshop foi o estilo Bharatanatyam. São usados os pés, as mãos e a face para dançar, basicamente. Os gestos das mãos usados na dança são chamados mudras que representam quase tudo: pessoas, animais, sentimentos, objetos, etc. A dança está diretamente ligada a questões e temas religiosos, com momentos de viagem externa e viagem interna, como explicou Ananda. Viagem externa no sentido de compartilhar a história e o momento com quem assiste. E a viagem interna acontece somente com quem está dançando. Ou seja, é uma dança que tem um vínculo muito forte com a espiritualidade. Muitas das danças representam deuses indianos. E muitas das movimentações partem de inspirações de imagens que eles têm dos seus deuses, como Krishna, Ganesh, etc. A estrutura corporal da base dessa dança é de uma rotação externa da coxa e flexão dos joelhos. Os ísquios estão para baixo, mantendo o centro corporal dentro do eixo (quadril encaixado). É imediata a associação que fazemos com o ballet, por ter a estrutura bastante similar. Mas é interessante refletir sobre essa referência da dança indiana, que não temos contato, em que o estilo mais recente que eles têm é o Kuchipudi cuja existência é de mais ou menos 500 anos (bem mais antiga que o ballet). A preparação corporal é feita grande parte pela prática de yoga. Mas deixando claro que eles frequentam academias para malhar, pois precisam de muita força e resistência já que realizam muitos shows, dão aulas, cursos etc. Outro fator interessante foi quando tive a oportunidade de perguntar, sobre uma curiosidade minha para Arunima Kumar (bailarina que ministrou o workshop do dia 03/06) se ela praticava outro tipo de dança, e ela disse que só exerce práticas de danças clássicas indianas. Bem diferente de nós, que fazemos aula de diversos estilos de dança! Mesmo nos dedicando mais a um estilo, é comum termos contato e experiências com outras danças.
Quando foi perguntado sobre a relação entre professor e aluno, no momento reservado para perguntas no workshop de Ananda Jayant, Ananda preferiu deixar um de seus alunos responder. A aluna que respondeu disse que há muito tempo atrás os alunos eram completamente submissos e tinham o professor como um guru realmente, acontecendo muitas vezes de o aluno morar com o professor por um bom tempo. O ensino então era bem formal. Já atualmente a relação é mais informal, tendo um tipo de comunicação mais aberta por exemplo. Pudemos, inclusive, observar brincadeiras entre Ananda e seus alunos em momentos de descontração, demonstrando esse tipo de relação mais informal. Apesar disso tudo, o respeito e hierarquia ainda são bem presentes. No workshop de Arunima Kumar, seu guru (que foi como ela chamou seu professor. - Podemos perceber resquícios da relação antiga professor-aluno - ) estava presente, e foi perceptível o respeito e ao mesmo tempo uma certa informalidade na relação dos dois. Realmente uma culura bastante diferente e encantadora."
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